Nossa História

Oi! Aqui é a Jamylle, nutricionista e idealizadora da Orgânicos na Mesa. Vou te contar um pouco da minha história e de como a Orgânicos na Mesa surgiu. Nasci no interior de Sergipe. Aos 17 anos me mudei para a capital (Aracaju) para cursar nutrição na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Durante a graduação, fiz pesquisa através do PIBIC e da Embrapa visitando vários assentamentos rurais em Sergipe. Era um projeto que muitos alunos começavam e desistiam, pois precisava dormir durante algumas noites de favor da casa dos residentes. Alguns assentamentos não tinham nem água encanada e o trabalho de coleta de dados era pesado, íamos de casa em casa aplicando vários questionários. Nesse estudo identificamos a presença da Insegurança Alimentar e Nutricional em 88,8% das famílias, a mesma estava associada a baixa renda e a baixa variedade alimentar. Conhecer essa realidade em diferentes regiões do estado me fez, além de crescer profissionalmente, crescer também como pessoa.
 

Me apropriei tanto da pesquisa, estudei tanto Segurança Alimentar e Nutricional que tive um grande prazer ao apresentar o meu TCC (que foi sobre o tema) ali eu percebi que “havia nascido para dar aula e me tornar professora como minha mãe e minha avó”. Nessa época coloquei na minha cabeça - o único caminho que tenho para mim é: fazer mestrado, doutorado e passar num concurso para dar aula em uma universidade federal.

Finalizando a graduação comecei a atender em consultório e posteriormente ingressei no mestrado - seguindo o caminho que já havia decidida trilhar. Durante o mestrado trabalhei com mulheres em pós-menopausa, avaliando a eficácia de uma dieta hiperproteica associada ao exercício físico para atenuar a inflamação crônica subclínica, além disso avaliei também os fatores associados a adesão dietética sugerindo ajustes metodológicos para futuros ensaios clínicos na área. O mestrado voltado para a atividade física (área que tinha vontade de atuar) me fez perceber que na realidade minha grande área de interesse seria aquela estudada ainda durante a graduação - nutrição epidemiológica e segurança alimentar e nutricional.

Havia demonstrado interesse em trabalhar como docente numa faculdade do interior (vizinha a cidade onde morei), no dia seguinte a defesa da dissertação fui convidada a lecionar. Foi onde obtive a oportunidade de fazer um 'test drive' (antes de ingressar no doutorado) da vida de professora do ensino superior. Pouco tempo após ingressar na docência casei e assumi, junto com o seu esposo, os afazeres para manutenção do lar, incluindo ir a feira. Foi aí que tudo mudou.

Trabalhando por muitas horas semanais, me dividindo entre estrada, programação de aula, elaboração de atividades, correção de provas e atualização de conteúdos a conta não fechava. Não havia tempo para ir à feira e quando conseguíamos ir era difícil achar orgânicos. No entanto eu havia estudado muito sobre Segurança Alimentar e Nutricional, não abria mão de consumir alimentos produzidos de maneira sustentável. Foi aí que eu pensei .... essa dificuldade não deve ser só minha, e se eu levasse orgânicos até a casa das pessoas?

Desde esse dia não sosseguei até começar. Ps.: eu não sabia que isso era empreender. Fui aprendendo praticamente tudo no meio do caminho. Comentei com meu pai sobre minha ideia, ele achou o máximo e me disse que conhecia um grupo de produtores orgânicos, que montava uma feira toda quarta no interior. Fomos até lá conhecê-los, conversei com um por um sobre minha ideia, eles disseram que era uma boa ideia, mas que muita gente já tinha começado e desistido. Pedi a eles uma chance, e na semana seguinte comecei a pegar os produtos para levar a domicílio.

Esse primeiro dia de operação foi UM COMPLETO DESASTRE! Já tínhamos 11 clientes (havia comunicado com algumas pessoas o que iria fazer), o que era ótimo. Mas fomos para a feirinha deles (que iniciava as 15hrs) com os pedidos feitos em uma planilha - no celular - PÉSSIMO de ver o que cada pessoa tinha pedido.

A cada pedido íamos em todas as barracas pegar o produto e pagar aquele produto. Depois, no novo pedido voltávamos as barracas pegávamos mais uma determinada quantidade de X produto e pagávamos novamente referente a ele. Enfim ... os produtores precisaram ter paciência conosco, levamos incríveis 3 horas para montar 11 cestas kkkkkkkk

No final, saindo do interior às 18hrs (para chegar em Aracaju às 19hrs e começar o delivery) nem deu tempo de pegar os milhos. Contei quantos precisávamos, pedi ao produtor, pagamos e eu fui colocando dentro de cada cesta enquanto pegávamos a estrada. Era milho em cima de alface, de couve .... uma loucura. 

A partir dali nos organizamos para a semana seguinte ser melhor e fomos aprimorando a cada semana. Nessa fase, o “boca a boca” foi ganhando força e o Orgânicos na Mesa apresentou crescimento contínuo. Diante disso, precisei abdicar do cargo de docente (apesar de gostar muito) para liderar em tempo integral uma nova equipe que estava nascendo. Desde então me dedico em tempo integral ao fortalecimento e crescimento do Orgânicos na Mesa.